Cap 1 - Escatologia
Introdução e As Chaves de Interpretação
Lição 1
Leitura: I Pe 1.3-12
Versículo para Memorizar: Ap. 19.10, “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.”
Introdução
A palavra “escatologia” significa: [Do gr. eschatos, 'último', 'extremo', 'final' + -logia, discurso, ciência, estudo.] S. f. 1. Doutrina sobre a consumação do tempo e da história. 2. Tratado sobre os fins últimos do homem (Dicionário Aurélio Eletrônico - Século XXI ver. 3.0, nov 1999).
Deus age com ordem, e deseja que façamos tudo decentemente e com ordem (I Co 14.40). Creio ser proveitoso promover algumas chaves importantes para interpretar o que a Bíblia diz sobre o assunto de escatologia. Se mergulhássemos neste assunto sem regra fixa que nos orientássemos, ficaríamos como uma folha seca levada a todo lugar pelo vento (Sl. 1.4; Mt 7.26,27; Ef 4.14), ou seja, ficaríamos instáveis, sem segurança na fé, impossibilitados de ensinar a outros e sem a consolação que essa doutrina traz manejada corretamente (I Ts 4.18, “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.”). Essa ordem é uma infraestrutura sólida que possibilita o Cristão exercitar os seus sentidos de discernimento e, assim, se aperfeiçoa para toda boa obra (Hb 5.14-6.1; II Tm 3.16-17; I Pe 2.2; Tg 1.25).
Desde que Deus não encobriu muitos fatos da escatologia, os revelando na Sua Palavra, são para nós e os nossos filhos para sempre (Dt 29.29). Essas verdades contidas nas Escrituras estão descobertas para nosso ensino e para nossa consolação (Rm 15.4). Portanto, Deus não nos deu essas verdades eternas para serem interpretadas de qualquer forma (II Pe 1.20). Se a interpretação das verdades da Palavra de Deus gera confusão e insegurança; gera falta de crescimento à imagem de Cristo, ou posiciona a bíblia contra si mesma podemos estar confiantes que tal interpretação não é de Deus (I Co 14.33, “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.”).
Gostaria de propor sete regras para lembrarmos durante a nossa busca de entendimento sobre a doutrina das “últimas coisas”. Tendo essas chaves para nos nortear, creio que amadureceremos para a glória de Deus.
Sete Chaves de Interpretação da Profecia Bíblica
1. Iluminação do Espírito Santo é Necessária – Jo 16.13-14, “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar.” É essencial a obra do Espírito Santo em qualquer estudo bíblico. Como podemos esperar entender a verdade sem O Guia em toda a verdade? Como entendemos as coisas de homem pelo espírito do homem, sabemos exclusivamente as coisas de Deus pelo o Espírito de Deus (I Co 2.11, “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”). Portanto: “Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei.”, Sl 119.18.
2. Literalidade em Primeiro Lugar – Dt 29.29, “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”; “Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.”, Amós 3.7. O Pastor Davis W. Huckabee comenta no seu livro Estudos em Hermenutica Bíblica, pgs. 24-25 o seguinte:
“A obscuridade deliberada é impensável numa revelação. Mas se essas coisas são assim, então é óbvio que ao dar uma revelação de Sua vontade ao homem, Deus não obscureceria deliberadamente o sentido dela, mas a apresentaria em termos mais claros e necessários para o homem entendê-la. Se fosse de outro jeito, não se poderia fazer com que o homem prestasse contas por conhecê-la, pois até mesmo a lei humana reconhece o princípio onde declara que nenhuma lei obscura tem alguma força obrigatória. Se cremos que a bíblia é a revelação de si mesmo e Sua vontade ao homem, então devemos também crer que ela será expressa em termos que o homem possa entender. E certamente indicam isso as centenas de exemplos em que as Escrituras dizem “Então falou Deus todas estas palavras”, ou “veio a palavra do Senhor”, e outras declarações semelhantes que indicam que o que é entregue é compreensível àqueles a quem é falado.
“Por esse motivo não temos o direito de entender qualquer palavra em qualquer sentido, exceto seu sentido mais natural e comumente aceito, exceto em raras exceções que consideraremos mais tarde neste estudo. Alguém bem disse: “Se o sentido comum de uma palavra faz sentido, então não busque outro sentido”. A tolice de fazer de outro jeito foi mostrada nos primeiros dias da história cristã, pois até hoje o entendimento de muitas pessoas acerca das Escrituras foi arruinado pelas interpretações loucas que certos antigos comentaristas da Bíblia aplicaram às Escrituras. Orígenes (c. 185-254) de Alexandria, um dos tão chamados “Pais da Igreja”, popularizou a espiritualização até mesmo dos textos mais simples e ensinando que eles sempre tinham algum significado misterioso e oculto que não era óbvio ao crente comum. Seu método de descartar até os ensinos mais claros foi seguido por alguns em todas as gerações. É claro, o ego do pregador se sente bajulado se ele puder afirmar ter achado nos textos simples o que não é evidente para ninguém mais, e isso explica, em grande parte, a popularidade de tais meios não bíblicos de lidar com a Bíblia. Um desejo orgulhoso de obter glória para si é sempre uma tentação para qualquer um, inclusive pregadores. Tendo dito isso, deve-se reconhecer que há partes das Escrituras que têm sentidos simbólicos ou representativos, pois o próprio Senhor e seus escritores inspirados às vezes mostram isso. Mas devemos ter o cuidado de não inventar tais interpretações, e principalmente nunca ir atrás de tal modo de interpretação que menospreze o sentido literal do texto.” (D. W. Huckabee, Estudos em Hermenêutica, pg. 24-25, itálicos meus).
Espiritualizando profecia encoberta o seu segredo, mas interpretando-a literalmente faz com que os Seus servos, os profetas, saibam seguramente o significado. Se a interpretação literal não faz bom senso com as outras profecias esclarecidas, pode-se procurar um sentido espiritual, mas somente se a interpretação literal contradiz a verdade que já foi estabelecida por outros versículos. Enfatizo o que o Pastor Huckabee citou: “Se o sentido comum de uma palavra faz sentido, então não busque outro sentido”.
3. Literalidade é provada pelo Cumprimento Literal – Exemplo: Os 3.4-5, “Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim. Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao SENHOR seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao SENHOR, e à sua bondade, no fim dos dias.” Da maneira que Deus cumpriu literalmente a maior parte das Suas profecias é uma indicação importante para nós sabermos como serão cumpridas as profecias que ainda restam ser cumpridas no futuro.
Considere as numerosas profecias detalhadas sobre a primeira vinda de Cristo – a cidade, a mãe, quem será o seu precursor, Seu ministério, os resultados deste ministério, a Sua traição por um amigo, o preço exato dessa traição, a maneira da Sua morte, do Seu sepultamento, a ressurreição, e a Sua ascensão. De maneira literal foram cumpridas. Portanto, o cumprimento das profecias sobre a Sua segunda vinda não devem ser menos literais. O citado Oséias 3.4-5 é um exemplo disso. Se a primeira parte desta profecia já foi cumprida literalmente, como poderemos esperar menos literalidade na última parte dela? O cumprimento literal da profecia no versículo quatro justifica a interpretação literal da profecia no versículo cinco.
4. Cumprimento Parcial ou Cumprimento em Duas Fazes é Possível – I Pe 1.11, “Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir”.
“Frequentemente as Escrituras proféticas têm cumprimento imediato como também futuro. A declaração do anjo em Lucas 1.31-33 exemplifica isso. Diz: “E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. 32 Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, Seu pai; 33 E reinará eternamente na casa de Jacó, e o Seu reino não terá fim.” Os fatos mencionados neste texto sobre o nascimento de Jesus Cristo foram literalmente verdadeiros (cumpridos comprovadamente), mas não serão universalmente verdadeiros (ou comprovadamente cumpridos) até a segunda vinda quando Ele vem para reinar no trono de Davi. Portanto, a lei de Cumprimento Parcial ou o Cumprimento em Duas Fazes tem que ser reconhecida em algumas porções das Escrituras quando tiver um cumprimento parcial primeiramente, seguido por um cumprimento completo depois.” – Tom Ross, pgs. 18-19, tradução livre.
5. Múltiplas Profecias em Poucos Versículos – Muitas profecias no Velho Testamento ignoram a era entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Como se avistaram dois acontecimentos – neste caso a primeira e segunda vinda de Cristo – sem perceber que teria um espaço de tempo entre elas. Se olharmos as cordilheiras que passam pelo Brasil, veremos os picos das montanhas perto um do outro com os das mais distantes sem ver os vales entre eles. Assim foi com os profetas do Velho Testamento. Viram a primeira vinda e a segunda vinda de Cristo sem perceber a era da igreja. Portanto, o fato que dois eventos estejam profetizados um após o outro não pede o cumprimento sucessivo e imediato dos dois. Exemplo: Mq 5.2-4, “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até ao tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará ao povo na força do SENHOR, na excelência do nome do SENHOR seu Deus; e eles permanecerão, porque agora será engrandecido até aos fins da terra.” Jesus nasceu em Belém mas o governo literal e a permanência literal de Cristo entre o Seu povo quando Ele literalmente apascentará o Seu povo, ainda não aconteceu. Portanto podem existir múltiplas profecias em poucos versículos.
6. A Época da Igreja Neotestamentária era um Mistério para os do Velho Testamento - I Pe 1.11, “Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.” A era da igreja neotestamentária era comumente oculta aos profetas do Velho Testamento. O foco da maioria das suas profecias aponta a apostasia, restauração e futura glória de Israel somente. A instituição do ajuntamento neotestamentário, seu crescimento e a sua comissão eram vedados aos seus entendimentos. Mas Deus usou o apóstolo Paulo pelo qual abriu esse mistério como diz: Ef 3.9-11 “E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor”. Reconhecendo esse fato entendemos que a igreja do Novo Testamento não é uma continuação do Templo, ou da nação de Israel. São entidades distintas e separadas. O fato que muitas promessas à nação de Israel podem ser aplicadas aos crentes do Novo Testamento não descarta o cumprimento literal delas para com Israel ainda. Não há razão Bíblica de transferir ou cancelar as promessas das profecias feitas à Israel somente por que algumas promessas podem ser aplicadas aos crentes do Novo Testamento. A igreja neotestamentária era um mistério não descoberto aos profetas do Velho Testamento.
7. Cristo é o Espírito da Profecia – Ap 19.10, “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.” Todas as profecias na Palavra de Deus, cumpridas ou não, apontam de alguma forma a Jesus Cristo (I Pe 1.10-11). Portanto qualquer interpretação das profecias escatológicas que não prioriza ou engrandece a glória e soberania de Jesus Cristo deve ser ignorada. Que esta reprovação não seja dirigida a nós: “O néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!”, Lc 24.25. (adaptação do livro: Elementary Eschatology, Pastor Tom Ross).
I Pe 1.13-16, “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.”
Aplicação: Tendo a Palavra de Deus em nossas mãos, e sabendo que O Autor a deu para ser entendida e deseja que sejamos consolados por ela:
1. Peça que Ele ajude a sua compreensão orando para que o Espírito Santo sonde os vossos corações para que se houver algo não condizente à Verdade, e tendo feito isso, que Ele abra os seus ‘olhos’ para ver as belezas de Cristo (Sl 119.18, “Abre Tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei.”).
2. Não tema a aproximar-se com as profecias concernentes à escatologia. Deus deseja que seja consolado por elas e tenha a Sua fé firmada para não precisar de se envergonhar, mas confiantes no manejo da Sua Palavra (II Tm 2.15, “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”).
3. Seja sábio e use os seus dias investindo nas atividades que resultem em maior temor a Deus, ou seja, obediência em amor à Sua Palavra (Sl 90.12, “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.”).
4. Não rebele contra as revelações de Cristo, mas submete-se a Ele para a salvação da sua alma (Jo 3.15-19), e maior conformidade à Sua imagem (Rm 8.29). Rejeitar a Palavra e a Verdade que Ela revela é selar a sua própria condenação.
5. Proclame a Palavra de Deus com ousadia e confiança em ter a Verdade divina em suas mãos. Seja dependente da ajuda do Espírito Santo que visa testemunhar de Cristo pela Sua Palavra (Jo 16.13-14). Lembre da promessa do Pai que a Sua palavra prosperará naquilo pelo qual a enviou (Is 55.11, “Assim será a Minha palavra, que sair da Minha boca; ela não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.”).
Cap 2 - Escatologia
Os “Últimos Dias”
Lição 2
Leitura: Atos 1.1-10
Versículo para Memorizar: Jo 12.28, “Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”
Introdução
Conforme a nossa leitura de hoje percebemos que Jesus não tratava o reino de Deus como algo necessário a ser conversado atrás de portas fechadas. Nos últimos 40 dias que o Salvador ressurrecto e glorificado ficou nessa terra falava “das coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1.3). Todavia, quando a teologia e os teólogos querem ir além do que é revelado, é danoso e tolice. Com olhos ainda vendados os discípulos perguntaram algo que muitos indagam ainda hoje, ou seja, “o tempo” deste reino. Todavia, sabendo “o tempo” dos eventos não faria que eles fossem mais espirituais do que outros servos de Deus. Jesus, O Salvador, enfatizava algo melhor, ou seja, o próprio reino e o poder viver uma vida que testemunha de Cristo (At 1.3, 6-8). Esse poder é pelo Espírito Santo no Cristão obediente à Palavra de Deus. Está vivendo esta vida?
É supremamente mais importante conhecer Cristo como O Salvador dos pecadores e buscar a submeter-se a Ele como Senhor, do que poder decifrar os tempos da futura vinda deste Salvador como O Rei Justo. Estando em Cristo é o que determina a sua participação no reino seja qualquer que for o tempo da restauração do reino a Israel. Não contente-se em manejar fatos que para muitos são enigmas. Contenta-se em estar no reino pelo arrependimento e a fé no Rei vindouro, o Senhor e Salvador Jesus.
Conforme Jo 12.28, nosso versículo para a memorização, sabemos que Deus é sempre glorificado pela exaltação a Cristo. Portanto, enquanto procuramos entender os assuntos que englobam a escatologia, o melhor proveito será procurar e perceber a exaltação de Jesus Cristo. O resultado de conhecer melhor essas doutrinas das últimas coisas deve ser Cristãos confortados (I Ts 4.13-18) e ímpios avisados (Lc 13.1-5; Jo 3.36).
Este não é um estudo detalhado de um único livro de profecia do Velho ou do Novo Testamento. Todavia é um estudo das “últimas coisas” apresentadas tanto no livro de Apocalipse quanto em muitos outros livros da Bíblia. Não podemos conhecer o que Deus revelou sobre a escatologia se estudarmos um único livro desde que, como dizem, um em cada vinte e cinco versículos da Bíblia refere-se ao retorno de Cristo (Huckabee, pg. 73).
Esta apresentação não é exaustiva e portanto não responderá todas as perguntas que alguém possa ter sobre a cronologia e os acontecimentos deste vasto assunto. Todavia, espero que seja explicado suficientemente os fatos concernentes aos eventos e aos personagens envolvidos neste assunto para que o inquiridor sério possa manejar as Escrituras corretamente para resolver as suas dúvidas.
Este estudo da Palavra de Deus categorizará os assuntos associados da doutrina das últimas coisas, com um foco pré-tribulacionista e pré-milenário.
O Apocalipse é a revelação de Jesus Cristo (Ap 1.1). Cristo é o espírito da profecia (Ap 19.10). Portanto, seja sábio e abençoado, procure O Cristo revelado nesta profecia.
Na sua procura de fatos sobre escatologia, não são os fatos, mas a edificação, o crescimento na graça e o conhecimento de Jesus Cristo o alvo maior.
Os “Últimos Dias”, e o “Último Dia”
A Sua Marca: “escarnecedores andando segundo as suas próprias concupiscências”.
Não pode ser negado que estamos na era dos “últimos dias”, uma era que começou há uns dois mil anos. Desde pouco antes do ministério publico de Cristo, e continuamente pelos dias de hoje, a marca dos “últimos dias” está evidente. Essa marca é a existência de muitos escarnecedores andando segundo as suas próprias concupiscências (II Pe 3.3).
Podemos identificar em nossos tempos que tais escarnecedores estão desprezando a verdade de uma só fé, ou seja, a salvação única e completamente através de Jesus e este escárnio é difundido pelo pentecostalismo, o catolicismo, o protestantismo, e o adventismo. Os falsos desprezam a verdade da existência de um só batismo, ou seja, pela água e pela autoridade de uma igreja neotestamentária, e este desprezo pelos que promovem o ecumenismo. Os escarnecedores desprezam também a verdade de um só Senhor, e este escárnio é difundido pelas filosofias atuais em todas as suas formas de humanismo (pragmatismo, auto-estima, etc.).
Os “Últimos Dias” segundo os escritores da Bíblia
Alguns dos Seus Acontecimentos
Os profetas do Velho Testamento e os escritores do Novo Testamento falaram dos últimos dias como vários acontecimentos incluindo o tempo da primeira vinda de Jesus à terra (Hb 1.1), o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28-32; At 2.16-21); a inclusão dos gentios na salvação (At 13.39-49; Is 42.1-6; 60.3-5), e o milênio (Mq 4.1-7; Ez 38.16).
O Começo e O Fim Destes “Últimos Dias”
Podemos afirmar que o ministério de João o Batista começou, ou como diz a Bíblia “principiou” essa era com a pregação “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mt 3.2; Mc 1.1-4). Jesus, depois do Seu batismo, pregou a mesma mensagem de João o Batista: “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mt 4.17). O escritor da epístola aos Hebreus se identificou com os “últimos dias” (Hb 1.1,2), como também o apóstolo Paulo (II Tm 3.1-5,13), o apóstolo Pedro (I Pe 1.20), Tiago (Tg 5.1-8), Judas (Jd 18-19), e o amado apóstolo João (I Jo 2.18). Se estes do primeiro século identificaram-se com os “últimos dias”, foi por serem parte desta época.
O fim destes “últimos dias” será marcado por vários acontecimentos. Não terá um “último dia” com somente um acontecimento. Os “últimos dias” apontam a uma época. Alguns destes acontecimentos que acontecerão nesta época serão: a primeira ressurreição, a dos justos (Jo 6.39-40, 44, 54; 11.24); o milênio, aquela era do futuro quando Jesus Cristo receberá de Deus a terra para Seu governo e reinado (Pink e Peak, pg. 10; compara Jo 6.40), e o tempo do julgamento dos ímpios no grande trono branco (Jo 12.48).
Portanto, podemos afirmar que nós somos posicionados entre o começo destes “últimos dias” no tempo de João o Batista e uns dois mil anos mais perto do fim destes “últimos dias” que finalmente culminará no tempo do milênio e nos eventos logo depois.
Aplicação para Os Nossos Dias
II Pe 3.13-18, “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. 14 Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. 15 E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; 16 Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. 17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; 18 Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.”
Sendo que estamos na época do fim dos “últimos dias” convém que estejamos prontos para encontrar o nosso Criador e Juiz, Jesus Cristo (Rm 13.13,14). Sejam Salvos! Sejam Santos!
Convém deixar todo o embaraço (impedimentos) e o pecado que tão de perto nos rodeia e olhar para a Nossa Redenção, pois a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé (Rm 13.11,12). Persevere!
Convém pregar a Palavra de Deus ativamente pois o tempo de proclamar o Evangelho é agora e pode brevemente ser terminado. Seja povo de oração! Sejam evangelistas!
Hoje temos oportunidades que os nossos antepassados não gozavam tais como: o radio, a imprensa, o telefone, a internet, transporte fácil e rápido .... seja sábio!
Temos mais conhecimento da verdade da Palavra de Deus do que antes. Sejamos ativos e comunicativos!
Pode ser logo que o Noivo venha. Convém que sua noiva esteja pronta. Verifique o seu Óleo (Mt 25.1-13)! Vigiai!
Devemos ser os mais amorosos, obedientes, prestativos, santos e perseverantes do que qualquer Cristão de outras épocas passadas. Estamos mais pertos do fim e do encontro com o Salvador do que todos antes de nós. Não sejam indiferentes, mas zelosos!
Cap 3 - Escatologia
O “Reino de Deus” e o “Reino dos Céus”
Lição 3 –
Leitura: Atos 28.23-31
Versículo para Memorizar: Mateus 6.33, “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
Introdução - O “Reino de Deus” faz parte da Escatologia. Portanto, o “Reino de Deus” e o tema dos “últimos dias” são partes da mesma doutrina. Muita profecia do Velho Testamento é concernente a estes dois assuntos (II Sm 7.12, “seu reino”; Dt 4.30, “últimos dias”). O que aconteceu no Novo Testamento tem a ver com o “Reino de Deus” e os “últimos dias”, portanto, precisamos entender mais sobre as “últimas coisas” e do “Reino de Deus”. Há mais menção na Bíblia a respeito do “Reino” do que o termo “Últimas Coisas”. Portanto devemos importar bem sobre o “Reino”, e, como diz o nosso versículo para memorizar, buscar primeiro o “Reino”. Todavia, não devíamos desconsiderar as “Últimas Coisas”, pois também fazem parte da nossa responsabilidade, e os dois tratam tanto do passado no tempo de Jesus como dos nossos dias atuais.
O Que é o Reino de Deus? - O Reino de Deus simplesmente é tudo que se tem a ver com Cristo, especialmente o Seu relacionamento com o Seu Povo como Senhor, Salvador, Sacerdote e Rei. Disso podemos estar confiantes analisando uns poucos versículos do Apóstolo Paulo e as igrejas primitivas. Paulo, na sua despedida dele da igreja em Éfeso, deu um resumo do seu testemunho e da sua mensagem entre os daquela igreja. A sua mensagem foi “tanto aos judeus como aos gregos” e a sua proclamação era “a conversão a Deus, e a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.17-21). A mensagem do arrependimento e a fé em Cristo é a mensagem de todo pregador sério e zeloso para com a sua vocação. É a mensagem atual desde o começo do ministério de Cristo e continuará até a Sua volta (Mt 28.19.21; Mc 16.15; Lc 24.46-48; Jo 20.21). Pelo contexto da despedida de Paulo aos Efésios sabemos que a pregação da “conversão a Deus, e a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo” é o evangelho da graça de Deus (At 20.24). Examine Atos 20.25 e perceberá que este ministério da pregação da graça, do arrependimento e da fé em Cristo é a pregação do Reino de Deus (At 20.25). Aos Corintos este mesmo Apóstolo Paulo definiu o evangelho como sendo “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” Como ele pregou o evangelho da graça em Éfeso e chamou isso a pregação do Reino de Deus, assim nós podemos chamar a pregação do evangelho da vinda de Cristo, a Sua morte, o Seu sepultamento e a Sua ressurreição a pregação do Reino de Deus. Por quê? Porque o Reino de Deus envolve tudo sobre Cristo.
Você está no Reino de Deus? Se entra nele pelo novo nascimento, um nascimento pelo Espírito Santo. O arrependimento e a fé neste Cristo é a sua responsabilidade. Se reconhece a sua fraqueza de se arrepender e crer, clama a Deus em ter misericórdia e que salve mais um pecador.
Por isso a instrução do nosso versículo para memorizar dada por Jesus é para nós ainda hoje.
O Reino de Deus e O Reino dos Céus - Para entendermos o que Deus nos revelou sobre as “Últimas Coisas”, verdades que são para nós e para os nossos filhos (Dt 29.29), precisamos entender como o Reino de Deus relaciona-se com o Reino dos Céus.
Comparando todos os versículos que usam os termos “Reino de Deus” ou “Reino dos Céus” e anotando o contexto de cada uso, verá que os dois simplesmente referem-se às mesmas coisas. Não há diferença entre os dois termos ou os seus usos. Os que desejam ensinar diferenças importantes entre os dois termos são forçados a darem explicações tão complicadas ao ponto do leitor perder qualquer noção do que se tratam as frases, e, por tentar levar a sério essas supostas diferenças, começa a pensar que a Escatologia é demasiadamente difícil de entender. Como Paulo preocupou-se com os membros em Corinto para não ser levados pela conversa dos outros, também preocupa-me ensinar-lhes que não sejam enganados e “apartam da simplicidade” (II Co 11.3) que haja entre esses dois termos em pauta.
Os Usos dos Dois Termos
Nos Ensinos Gerais - Depois do batismo de Jesus e a provação no deserto, Jesus, conforme Mateus, “começou a pregar, e a dizer: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3.17). Mas, quando Marcos relata o começo do ministério de Jesus, ele relata que Jesus “veio pregando o Reino de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Se fossem duas coisas distintas, teríamos dois grandes problemas. Um é que não poderíamos estar confiantes em termos uma mensagem exata com a qual poderíamos pregar ao mundo todo para agradar a Deus. Outro problema pareceria que a Palavra de Deus não foi dada por inspiração verbal. Mas, não temos nenhum problema com qualquer destas doutrinas, pois estas duas frases enfatizam uma única coisa. Graças a Deus que temos uma mensagem clara para pregar ao mundo.
Logo depois de Jesus escolher os doze apóstolos, teve um encontro com uma grande multidão e começou a ensinar-lhes. Mateus relata que Jesus abriu a sua boca, “ensinava, dizendo: Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.2,3). Porém, Lucas relata que, na mesma ocasião Jesus dizia: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6.20). Ou o Espírito Santo que inspirou essas palavras entra em contradição, ou os dois termos significam a mesma coisa. Desde que foi pela inspiração do Espírito Santo estes autores escreveram essas palavras, podemos crer que os dois termos apontam à mesma coisa.
Se desejar comparar outras passagens do mesmo teor, examine estas: Mt 18.4 com Mc 10.15; Mt 19.14 com Mc 10.14; Mt 19.23,24 com Mc 10.23-25.
Nas Parábolas
Existem muitos parábolas no Novo Testamento relatadas pelos diferentes evangelistas usando um ou o outro termo, mostrando claramente que os dois termos enfatizem a mesma coisa. Alguns destes casos são:
A parábola sobre o grão de mostarda – Mt 13.31 e Mc 4.30 - Em Mateus 13.31 Jesus propôs uma parábola começando-a com as seguintes palavras: “O Reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda...” e assim nos ensina que o reino dos céus é pequeno à vista dos homens, mas o seu fim é glorioso.
Em Marcos 4.30 Jesus procura um exemplo para assemelhar o Reino de Deus, ou seja, uma parábola para o representar. Ele afirma em Marcos 4.31 que o Reino de Deus “É como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes mas, depois, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças. Nisso Ele ensina a mesma lição quanto a parábola de Mateus.
Se essa parábola representa o Reino de Deus tão bem quanto o reino dos céus, é evidente que tanto o Reino de Deus quanto o Reino de Céus são a mesma coisa. Ou, será que não devemos esperar que haja harmonia entre os evangelhos? Será que o Espírito Santo não sabe distinguir um do outro quando trouxe a eles a Palavra para ser escrita? Creio que o Espírito Santo sabe bem entregar a Palavra de Deus aos autores e por isso creio na inspiração verbal, e creio que os autores da Bíblia tiveram harmonia que só vem do alto. Crer que os dois termos são iguais é fundamental para essa conclusão.
O propósito das parábolas – Mt 13.11; Mc 4.3; Lc 8.10 - Os discípulos perguntaram o porquê das parábolas e Jesus os respondeu - Mateus relata a resposta de Jesus como: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino de céus, mas a eles não lhes é dado.” Marcos relata a resposta de Jesus como: “A vós vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas.” Lucas relata a resposta de Jesus assim: “A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam”.
Conclusão - Então, se o Reino de Deus não é o Reino dos Céus, quem está mentindo? Os três responderam que Jesus disse palavras exatas e um entre os três relatou que Jesus não disse o que os outros disseram que Jesus disse? Só pode ter um mentiroso entre os homens santos que Deus usou para falarem inspirados pelo Espírito Santo. É bem melhor aceitar o fato que as duas frases apontam à mesma coisa e deixar a possibilidade que Mateus, para retratar Cristo como rei, teve razão para dizer “céus” e não “Deus”, mas a exata razão não foi explicada a nós. Todavia, a comparação destes três relatos leva-nos a crer que as duas frases significam a mesma coisa. Como diz o Pastor D. W. Huckabee no seu livro de Hermenêutica, “Se o sentido comum de uma palavra faz sentido, então não busque outro sentido.” (Huckabee, pg. 25).
Apenas uma Mensagem aos Judeus ou Mensagem Atual? – Alguém talvez queira afirmar que o Reino de Deus foi uma mensagem somente aos judeus. Querem alguns afirmar que quando Jesus deu Seus avisos aos judeus, acabou a importância do Reino de Deus. Especialmente enfatizem que quando os judeus crucificaram Cristo rejeitando-O como o Messias, a mensagem do Reino de Deus terminou. Disso, pelo estudo, podemos entender que não é a verdade. Vejamos:
Além da verdade que “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa... para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (II Tm 3.16,17; Rm 15.4) e, portanto o Reino de Deus é proveitoso para nós hoje, o assunto do Reino de Deus continua importante por outras razões. O Reino de Deus foi um assunto das igrejas neotestamentárias e para os gentios muito tempo depois da rejeição pelos judeus e a Sua crucificação.
Jesus, depois da Sua ressurreição, por quarenta dias falou “das coisas concernentes ao Reino de Deus” (At 1.3). Os discípulos, depois da rejeição de Cristo como o Messias pelos judeus, deram a entender que ainda faltava muito a respeito do Reino de Deus pois pouco antes de Cristo ascender ao céu, o Seu Reino era um assunto entre eles com Cristo (At 1.6).
Dois ou três anos depois, a perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém fez que os membros espalhassem pelas terras da Judéia e de Samaria (35 d.C.). Cristo foi pregado na cidade de Samaria por Filipe e a sua mensagem era “acerca do Reino de Deus” (At 8.5-12). Mesmo sem a presença de Cristo, a mensagem que foi principiada por João o Batista, continuava sendo importante às igrejas primitivas.
Mais de uma década depois da perseguição contra a igreja em Jerusalém, a mensagem do Reino de Deus foi ensinada por Paulo às igrejas recém organizadas na sua primeira viagem missionária, entre judeu e gentio (48 d.C., At 14.22). Observe: tal mensagem foi para confirmar os ânimos dos discípulos. Na sua terceira viagem missionária (53 d.C.), Paulo ainda pregava zelosamente sobre o Reino de Deus (At 19.8; 20.25). Em 60 d.C., quase três décadas depois da ressurreição de Cristo, ainda no fim do ministério do apóstolo Paulo, este missionário exemplar “declarava com bom testemunho o Reino de Deus, desde a manhã até à tarde” aos judeus e, depois da rejeição destes do Evangelho, Paulo pregava o Reino de Deus com toda liberdade a todos quantos vinham vê-lo (At 28.23-31).
Entendemos que o Reino de Deus era a mensagem das igrejas primitivas, e era para ser entregue a todos os povos. Desde que a comissão destas igrejas primitivas seja a nossa também, o Reino de Deus deve ser a nossa mensagem hoje e até Cristo voltar.
Aplicação:
Cuidado quando o Evangelho da graça de Deus, ou seja, o Reino de Deus torna um assunto infreqüente das pregações deste púlpito! A graça exalta a Cristo, o Rei deste reino, e Cabeça desta igreja. Para enfatizar a graça, não canse de declarar a pecaminosidade do pecado e a sua eterna condenação. Não minimize a mensagem da responsabilidade do pecador para com a lei de Deus. Assim a necessidade da graça é reconhecida e exaltada pelo sacrifício vicário de Cristo. Anuncie sempre que Cristo salva todo pecador que se arrependa e crê nEle pela fé como o Substituo no seu lugar. Conhece já essa graça?
Faça com que a razão desta igreja existir não seja minimizada por acomodar outros assuntos pragmáticos, sociais ou os que estão na “moda”. No momento que o Reino de Deus esteja ausente desta igreja, as bênçãos do Cristo do Reino também estarão ausentes desta igreja (Ap 3.14-22).
De uma forma o Reino de Deus é aqui e agora! Viva submetendo-se ao Rei Jesus, conformando-se à Sua imagem. Isso se faz morrendo à carne, renovando a sua mente, sendo fiel na leitura particular da Palavra de Deus, criando e mantendo a leitura doméstica da Bíblia, se sacrificando na contribuição, levando a Palavra de Deus aos outros, cumprindo os seus deveres de membro da igreja local, orando sem cessar entre outros exercícios espirituais.
Você pode ‘ver’ este reino já? Já entrou nele? Está submisso ao seu Rei? A Sua Palavra importa a você?
Cap 4 - Escatologia
O “Reino de Deus” e o “Reino dos Céus”
Lição 4
A Importância da Doutrina do Reino de Deus no Novo Testamento, e, A Importância de Não Diferenciar o Reino de Deus do Reino dos Céus
Leitura: Salmos 22
Versículo para Memorizar: Sl 22.28, “Porque o reino é do SENHOR, e ele domina entre as nações.”
Introdução:
Examinamos com bom proveito as sete chaves de interpretação da profecia Bíblica na primeira lição. Depois, estudamos os termos “últimos dias” e “último dia” na segunda lição. Na terceira lição, definimos os termos Reino dos Céus e Reino de Deus e aprendemos que esses termos apontam à mesma verdade. Parece que não temos transcorrido grande distancia até agora em consideração ao que resta para considerar. Todavia, temos estabelecido uma base boa e essa base servirá para entender o que segue. Não devemos ter impaciência em estabelecer uma base boa. A falta dela seria sentida bem depois quando entrarmos em assuntos mais complexos. O assunto hoje é parte desta base.
A Importância da Doutrina do Reino de Deus no Novo Testamento
O Novo Testamento menciona o assunto do reino não menos que 141 vezes. O uso deste assunto é mais do que o uso da palavra ‘igreja’ pela qual Jesus Cristo derramou o Seu sangue (At 20.28). Porém, desde que o Espírito Santo deu tanto destaque a essa doutrina no Novo Testamento, convém que demos a ela a devida atenção. Não precisamos descartar as demais doutrinas e estudar somente essa, mas também não devemos esquecer essa a qual é mencionada tantas vezes.
A importância da doutrina do Reino de Deus no Novo Testamento é entendida quando percebemos que todos os autores do Novo Testamento mencionam assuntos relativos ao reino. A Palavra de Deus é viva e portanto sempre atual (Hb 4.12). A verdade é imutável, portanto sempre convém para aperfeiçoar o homem de Deus para toda a boa obra (II Tm 3.16,17). Portanto, aquilo que os nossos irmãos no primeiro século necessitavam ouvir e aprender para servir ao Senhor agradavelmente é o que nós precisamos ouvir e aprender para servir hoje ao mesmo Senhor.
Por menos que lemos o Novo Testamento confrontaríamos com esse assunto, pois 17 dos 27 livros contêm a palavra “reino”. Os outros sete livros referem-se ao assunto do reino de Deus sem usar tais palavras, mas estes não estão incluídos nessa contagem. Por uma boa parte do Novo Testamento usar essa palavra, convém que saibamos algo do reino para manejarmos bem a Palavra de Deus.
A Importância de Não Diferenciar o Reino de Deus do Reino dos Céus
Estes termos apontam à mesma verdade, como estudamos antes. Para enfatizar essa verdade faço as seguintes observações:
Somente Mateus menciona o Reino dos Céus. Se o Reino dos Céus é uma doutrina diferente da doutrina do Reino de Deus, não seria muito estranho que somente Mateus de todos os escritores da Bíblia menciona essa doutrina? Seria sábio dar muita ênfase numa doutrina elaborada por um só autor da Bíblia e jamais mencionada por outro? Seria confiável tomar a sério uma doutrina sobre a mensagem de Cristo e aquilo que somos responsáveis a pregar quando nem Marcos nem Lucas nem João sequer mencionaram quando relataram a vida de Cristo? Não seria ilógico o fato em que Marcos, Lucas e João são unânimes sobre a vida de Cristo e o Seu Reino, mas não ter a mínima concordância com Mateus que também relata essa mesma vida? A própria inspiração da Bíblia seria em jogo se estes quatro autores não estivessem em concordância em um assunto tão largamente tratado entre eles e por outros homens que o Espírito Santo usou para produzir as Escrituras. Porém há muita importância em não diferenciar os significados do Reino de Deus e o Reino dos Céus.
E qual é a mensagem que devemos crer, pregar e ansiar? Se formos ensinados a pregar uma mensagem específica por Jesus no livro de Mateus e outra mensagem específica por Jesus pelos outros evangelistas, se estas mensagens não houvesse concordância, como poderíamos ter certeza de que estaríamos anunciando a mensagem correta de Jesus? Porém há grande importância em não diferenciar os significados do Reino de Deus e o Reino dos Céus.
A definição que temos de qualquer palavra Bíblica influenciará em muito nosso entendimento no estudo da Palavra de Deus. Se tivermos duas definições do Reino é certo dizer que o nosso entendimento da Palavra de Deus será influenciado em muitas áreas como, por exemplo, a nossa pregação, a atitude para com a nossa vida cristã agora e a nossa esperança do porvir. Assim se vê a importância em não diferenciar os significados do Reino de Deus e o Reino dos Céus.
A importância de saber que o Reino dos Céus é igual ao Reino de Deus nos ajuda a aplicarmos as verdades da Palavra de Deus às nossas vidas. Se tivéssemos a correta definição do Reino, as sérias exortações e os alertas para os que fazem parte deste Reino serão aplicados às nossas vidas.
É importante saber que o Reino dos Céus é igual ao Reino de Deus pois isso nos ajuda a ver a Bíblia de forma homogênea. Se desejarmos manejar bem a Palavra de Deus, temos que saber o que é uma coisa e o que não é a outra coisa. Se não definimos bem estes assuntos, a Bíblia não será homogênea, mas separada em si, nós concluiríamos erroneamente os nossos estudos, e as nossas vidas não seríamos agradáveis ao Senhor. Desde que agradar a Deus é a finalidade de existirmos se vê a grande importância de não diferenciar os significados do Reino de Deus e o Reino dos Céus.
Aplicação
Igualar o Reino dos Céus com o Reino de Deus nos ensinará a submeter-nos já a Deus como Rei deste Reino presente e não esperar somente para uma época futura. Essa verdade é muito importante. Salmo 22.28 nos ensina que “ele domina entre as nações”. Portanto, não convém esperar participar do Reino dos Céus literal e vindouro quando o senhorio do Rei deste reino não seja importante para sua vida no presente tempo. Se não está submisso ao domínio do Rei hoje, é muito provável que não esteja presente na época futura quando aquele domínio que é espiritual agora torna um domínio literal e eterno.
Examine-se a si mesmo se já conhece este Rei Jesus.
Faça uma sondagem para ter certeza que está submisso ao Rei Jesus.
Não convém ser pego de surpresa como foram as cinco virgens tolas (Mt 25.1-13).
Cap 5 - Escatologia
A Vinda de Cristo – Parte I
Lição 5
Leitura: At 1.1-11
Versículo para Memorizar: At 1.11, “Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.”
Introdução: Na leitura observamos Lucas relatando o que Jesus fez e ensinou até a Sua ressurreição e a entrega da comissão à Sua igreja. Lucas continua no seu livro de Atos a relatar como Ele, por quarenta dias, ensinou aos Seus apóstolos “das coisas concernentes ao Reino de Deus” (At 1.1-3, 6-7). Cristo os orienta ensinando que o viver da vida Cristã com o poder do Espírito Santo neste reino é mais importante que saber a cronologia deste reino (At 1.6-8). Depois disso, Ele foi ao Pai literal e visivelmente (At 1.9). Dois “homens vestidos de branco” se puseram junto dos apóstolos confortando-os: “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11).
Aqueles fatos que os anjos ensinaram aos apóstolos são também para o nosso conforto e ensino. Existem teorias que Jesus já voltou e está reinando. Os Testemunhas de Jeová crêem assim. Essa é a razão que ajuntam no “Salão do Reino”. Há outros que crêem que a Vinda de Cristo acontece quando o salvo morre. Então, o que os anjos ensinaram aos apóstolos é confortante e edificante para nós hoje. Jesus voltará “como para o céu O vistes ir” (At 1.11), ou seja, corporal, literal e publicamente.
Poderíamos tentar esmiuçar e produzir uma sensação intensa sobre os eventos que acompanharão esta vinda. Poderíamos procurar colocar em ordem cronológica estes eventos sensacionais, mas uma boa base que estabeleca os fatos principais da própria vinda de Cristo seria melhor.
Uma Vinda Literal e Física – Estabelecido o fato que a vinda de Cristo com o Seu corpo glorificado é literal e físico não seremos influenciados tão facilmente pelas heresias. Existem os falsos pregadores que citam Jo 14.3 que diz: “Virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também” para ensinar que Jesus vem ao salvo quando este morre e o leva aonde Ele está. Na verdade, quando morrermos estaremos onde Jesus está. Todavia essa não é a segunda vinda de Cristo.
Atos 1.11, o nosso versículo para memorizar é claro, que como Ele foi, Ele virá. Se na Sua ascensão Ele foi recebido por uma nuvem, Ele virá numa nuvem. Se a Sua ascensão foi literal e corporal, a Sua vinda será tão literal como corporal. Ele “há de vir assim como para o céu o vistes ir”.
Portanto, não aceite nenhum tipo de explicação de escatologia que não inclua a volta literal e física de Cristo. Qualquer posição que espiritualiza a vinda de Cristo ao ponto que nega a Sua presença literal, visível e corporal na Sua vinda tem que ser descartada. A espiritualização da Sua vinda pode não ser aceita a não ser que espiritualize a Sua ascensão.
Jó, pela inspiração do Espírito Santo, suportou a aflição de sua alma provocada pelos seus ‘amigos’, regozijando-se com a bendita verdade que o seu Redentor vive e “que por fim se levantará sobre a terra”. Quando este evento acontecer, Jó, milhares de anos antes da primeira vinda de Cristo, se satisfez na realidade que contemplaria literalmente nesta terra com seus próprios olhos físicos o seu Redentor na Sua segunda vinda (Jó 19.25-27). Jó não estava espiritualizando a vinda de Cristo de forma alguma, mas enfatizando que ele fisicamente veria Jesus Cristo quando este literalmente levantará “sobre a terra”..
Lucas 21.24-27 também enfatiza que quando “os tempos dos gentios se completem”, haverá vários sinais estupendos e visíveis que envolvem literalmente o sol, a lua, as estrelas e as nações. Essas nações real e literalmente ficarão angustiadas e perplexas pela força do bramido de um verdadeiro mar. Os homens, em seus corpos, desmaiarão por tais eventos verdadeiramente expressos. Quando estes eventos que sem dúvida acontecerão de modo real, estas nações “verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória”. Será que isto já aconteceu sem ninguém notar? Com certeza não! Mas ainda acontecerá e será uma vinda comprovadamente literal.
A manifestação de Cristo será gloriosa e literal da mesma maneira como será literal a nossa manifestação com Ele em glória. Com a esperança dessa verdade real, o apóstolo Paulo exorta os fieis em Colossos a crescer nas virtudes cristãs. Essa esperança de fisicamente estar com Cristo é incentivo para nós também de mortificar os nossos membros físicos para não praticar literalmente nenhuma desgraça uns com os outros (Cl 3.1-17, ver v. 4). Se a manifestação de Cristo a nós for espiritualizada temos também espiritualizar a nossa manifestação com Ele. Isto negará uma ressurreição corporal. Se não existir a ressurreição, a afirmação e esperança do corpo ressurrecto que a irmã de Lazaro expressou será uma mentira (Jo 11.24). Se espiritualizarmos a manifestação de Cristo não temos responsabilidades com os nossos irmãos na fé, mas somente em intenção e em oração. Com isso, se vê a necessidade de crer que a vinda de Cristo será literal e corporal.
Na mesma verdade de uma ressurreição literal do corpo seguindo o exemplo como Cristo foi corporalmente ressurrecto, também a vinda dEle é tratada com os mesmos termos (Em I Ts 4.13-18). A verdade é clara que o mesmo Senhor que foi ressurrecto em corpo “descerá do céu”. Seria muito difícil concluir nessa passagem que a vinda de Cristo será algo menos literal que a própria ressurreição dEle.
Para maior estudo desse assunto examine Fp 3.20-21; I Pe 5.4; I Jo 2.28; 3.2; Sl 17.15.
Está pronto para a vinda literal de Cristo? Está vivendo fielmente para querer o olhar nAquele que conhece os corações?
Aquilo que impede a prontidão e a esperança com verdadeiro gozo por poder vê-lO tem que ser confessado a Ele e abandonado já. A obediência que está deixando para depois, não seria melhor aperfeiçoar-la já?
Uma Vinda Futura – De tanto enfatizar que a vinda de Cristo será literal, necessário é lembrar que é futura. Cristo não está aqui como estará um dia. A mensagem dos anjos é: “há de vir assim como para o céu o vistes ir.”
Por causa de Himeneu e Fileto terem crido tanto na vinda de Cristo quanto na ressurreição dos mortos em Cristo já teria acontecido, o Apóstolo Paulo instruiu Timóteo de evitar tais (II Tm 2.14-19). Em 70 d.C. o imperador romano Tito tomou a cidade de Jerusalém e destruiu o templo. Muitos crêem que essa foi a grande tribulação profetizada e desde então o reino de Cristo está nessa terra com o próprio Jesus reinando. Outros crêem que depois da “Idade das Trevas” Cristo veio. Outros dizem que desde 1878 ou 1918 Ele está aqui na terra. Mas a mensagem dos anjos é: “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”, um retorno futuro visível e literal.
A mensagem da Ceia do Senhor é que Cristo morreu por nós, ressuscitou e virá. A Ceia do Senhor deve ser observada “até que venha” o mesmo Senhor Jesus Cristo que está sendo lembrado pela Ceia (I Co 11.23-26). Se houver uma igreja que crê que a vinda de Cristo já aconteceu e estamos neste presente tempo no milênio reinando com Ele, tal igreja, para ser consistente, deve deixar de celebrar a Ceia. Portanto, por várias razões Bíblicas, qualquer ensino que estabeleça a vinda de Cristo no passado é inaceitável.
Jesus Cristo está vindo como Ele foi recebido, ou seja, literal, visível e fisicamente. Por não ter vindo já desta maneira, Ele ainda está por vir. A promessa não tardará.
O aparecimento de Jesus Cristo, sendo futuro, é motivo de perseverar em santidade (Cl 3.4; II Pe 3.9-14) e de renunciar toda a impiedade (Tt 2.11-15; I Jo 3.1-3). A segunda vinda de Cristo é uma esperança amada para o Cristão fiel (Fp 3.20, 21; II Tm 4.1, 8; Hb 9.28). Todavia, tal vinda real e literal é um aviso sério para os que pecam voluntariamente depois de conhecerem e rejeitarem a verdade (Mc 8.35-38; Hb 10.26-27, 38-39).
A necessidade dos não salvos é arrepender-se dos seus pecados e confiar unicamente em Cristo a quem Deus deu para ser a Salvação eterna para todos que venham a Ele.
A responsabilidade dos salvos é serem obedientes mais e mais à Palavra de Deus, purificando-se a si mesmo com alegria enquanto aguardam essa esperançosa vinda com glória (I Jo 3.1-3).
Cap 6 - Escatologia
A Vinda de Cristo – Parte II
Lição 6
Leitura: II Tm 4.1-5
Versículo para Memorizar: II Tm 4.1, “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,”
Introdução: Na primeira parte deste estudo sobre a vinda de Cristo, estabelecemos os fatos que a vinda de Cristo será necessariamente tanto literal quanto futura. A mensagem dos anjos que se puseram junto dos apóstolos na hora da ascensão de Cristo estabelece estes dois fatos quando disseram: “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11). Queremos ampliar este estudo básico enfatizando outros dois fatos que caracteriza a Sua vinda.
Uma Vinda Óbvia e Repentina – Novamente, a mensagem dos anjos estabelece esses fatos, pois disseram: “há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11). Na ocasião da sua ida Jesus estava ensinando aos apóstolos sobre o próximo evento que foi necessário para cumprir a profecia, ou seja, a vinda do Espírito Santo marcadamente para ratificar a instituição que Ele estabeleceu durante o Seu ministério.
Sem pormenores, sem show e sem nenhuma proclamação geral e pública Cristo, imediatamente, enquanto ensinava sobre a vinda do Espírito Santo, “vendo-o eles”, Jesus, física e literalmente, “foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.” (At 1.9) Já sabemos que Cristo voltará como foi, ou seja, a Sua segunda vinda será óbvia e repentina. Assim foi a Sua ascensão.
Jesus ensinou abertamente que a Sua vinda será testemunhada tanto pelos Seus como pelos incrédulos. Na ocasião em que Jesus foi traído, levaram-no ao sumo sacerdote para buscar algum testemunho contra Ele com intenção de culpá-lO de morte. Naquela ocasião, depois de infrutíferos esforços tentaram achar nEle algo errado, o sumo sacerdote lhe perguntou: “És Tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?” Jesus respondeu dizendo: “Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens.” (Mc 14.53-62). Sem rodeios Jesus ensinou que a Sua vinda será óbvia.
Outra vez, aos discípulos, antes do tempo da Sua traição, Jesus preparou-lhes sobre a Sua vinda para que eles não fossem enganados. Nessa instrução Ele enfatizou que a vinda dEle não seria algo feito num canto sem todos saberem. Assim Ele ensinou: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.”, (Mt 24.24-27). Não há dúvida, Jesus ensinou que a Sua vinda será óbvia e repetina.
Em Apocalipse, Jesus ensinou a João sobre a Sua vinda: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.”, Ap 1.7. Jesus claramente deixou todos avisados sobre a Sua vinda que “todo o olho verá”, sim os olhos de todos as pessoas de todos os tempos! Ele ainda adiantou que saberão quem Ele é e o que Ele vem fazer, ou seja, julgar os pecadores pelos seus pecados. Por isso “todas as tribos da terra lamentarão sobre Ele”.
Considerando que a vinda de Cristo será óbvia e repentina, você estará entre esses que lamentarão a vinda de Cristo? Ou estará entre os que com gozo esperam por Ele? A vinda de Cristo pode ser hoje. Como será contemplada a Sua vinda por você?
Uma Vinda Militante e Cristocêntrica – Dizer que a segunda vinda de Cristo é militante quer dizer que a vinda de Cristo será com violência, guerra e luta. A Sua vinda não será com a paz, mas com uma espada aguda saindo da Sua boca para ferir com ela as nações (Ap. 19.11-15). Dizer que a segunda vinda é Cristocêntrica aponta que Cristo mesmo virá com ação militante (Ap. 19.16, “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.”). Observa o que afirma o nosso versículo para memorizar:
Existem muitos que querem crer que o mundo está cada vez melhor. Segundo estes, o crime está sendo controlado, as famílias estão tendo mais entendimento entre elas, e pela pregação da Palavra de Deus o mundo está sendo conquistado pela paz para o retorno pacífico do Rei Jesus. Alguns crêem que já estamos no milênio e logo as espadas serão convertidas em pás, as lanças em foices e nenhuma nação levantará contra outra.
Não obstante ao que alguns crêem, o mundo é corrupto, piorando cada vez mais. Sem dúvida nenhuma pode ser afirmado que o mundo é caso perdido! Também, apesar da esperança enganosa de alguns, podemos estabelecer o fato que o homem não está melhorando. Do coração corrupto do homem estão saindo constantemente maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt 15.19; Jr 13.23). O mundo não vai melhorar por si, nem o coração do homem. É guerra que está vindo ao mundo, não a paz. É julgamento dos pensamentos e das ações do homem que estará para vir, não a paz.
Se Cristo não veio ainda, não é porque Ele espera o mundo ou o coração do homem melhorar. Creio que é porque ainda está salvando os Seus. Portanto irmãos, até o tempo que Ele venha temos trabalho para fazer. Preguem a Palavra de Deus! Os que ainda não estão em Cristo têm responsabilidade diante de Deus. Arrependem já e crêem pela fé em Cristo para estar pronto na Sua vinda militante.
Salmo 110.1 é usado por alguns para enfatizar que Cristo não virá a não ser quando os inimigos dEle estiveram dominados, ou seja, tudo estará em paz. Todavia, pelo mesmo contexto, versículos 5-6, este dia será um dia de ira quando o Senhor ferirá os reis. Será um dia em que as aves se encherão dos corpos mortos dos grandes e pequenos (Apocalipse 19.13-18). Este tempo vem quando Cristo voltar. Seguramente a Sua vinda será militante e Cristocêntrica e não em paz. Ele trará a paz e por isso somos pré-milenaristas, mas só depois da guerra.
O apóstolo Paulo ensinou aos da igreja em Tessalônica para sofrer as perseguições, descansando no fato que Cristo, na Sua volta, colocará tudo em ordem. Ele explica claramente que essa vinda literal, óbvia, e repentina será militante e Cristocêntrica. Paulo escreve aos Tessalonicenses ensinando que Jesus virá “Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”, II Ts 1.8.
O Apóstolo Paulo ensinou a Timóteo (I Tm 6.14-15) a ser um bom exemplo dos fieis até a volta de Jesus. Naquela ocasião Cristo será manifesto como o “único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores;” Nessa volta, como diz o nosso versículo para memorizar, Cristo vem julgar os vivos e os mortos, ou seja, a Sua volta será militante e Cristocêntrica.
Portanto, qualquer explicação de escatologia, quando trata dos eventos da segunda vinda, que não aponta a Cristo mesmo voltando literal e repentinamente, com uma espada para ferir as nações, é contrária à revelação Bíblica. Há muito que não sabemos, mas há fatos que podemos afirmar. Que Cristo será exaltado é confirmado biblicamente.
A volta de Cristo será militante sobre os inimigos. Portanto arrependei-vos já! Reconciliai-vos já com Deus pela fé em Jesus Cristo (II Co 5.19-21). Pode ser que Cristo volte hoje!
A volta de Cristo será para galardoar os fieis (II Tm 4.8; I Pe 1.7). Portanto, esteja vigilante! Esteja em oração constante! Esteja obediente em amor! Pode ser que Cristo volte hoje!
Cap 7 - Escatologia
Os Três Tempos do Reino de Deus
O Reino de Deus é Espiritual e Físico
Leitura: Mt 6.9-13
Versículo para Memorizar: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;”, Mt 6.10.
No assunto de escatologia, existem três interpretações básicas. Amilenarismo, Pré-milenarismo e Pós-milenarismo. Essas interpretações são resumidas assim:
Amilenarismo é a crença em que a passagem de Apocalipse 20.1-7, quando usada a expressão “mil anos” seis vezes, nenhuma vez refere-se literalmente à passagem de tempo de mil anos cronológicos, mas quer apontar a um tempo indeterminado. Cristo já está com Seu povo como estará com eles eternamente.
Essa posição também nega que haja duas ressurreições – uma dos salvos e uma dos não-salvos, mas para apenas uma ressurreição geral seguida por um julgamento geral.
Os amilenaristas visam as profecias do Velho Testamento concernente à Israel e aplicam-nas à Igreja no Novo Testamento. O trono de Davi é o céu.
Pós-milenarismo é a crença em que a passagem de Apocalipse 20.1-7 determina que o mundo todo será evangelizado e convertido, fazendo um tempo milenar de paz e justiça, no fim do qual Jesus Cristo voltará. O mundo progressivamente melhorará antes da vinda de Cristo.
Daniel Whitby (1638-1726) é considerado a fonte inicial deste ensino. Hoje existem grupos querendo popularizar estes ensinos e são chamados Reconstrucionistas.
Pré-milenarismo é a crença que toma a passagem de Apocalipse 20.1-7, quando usada a expressão “mil anos”, de onde vem a crença geral de milenarismo, como referindo-se sempre à passagem de mil anos cronológicos. Jesus Cristo voltará em pessoa à terra firme antes deste tempo de mil anos cronológicos para reinar fisicamente com Seu povo ressurreto.
Para os pré-milenaristas as profecias no Velho e Novo Testamento são interpretadas literalmente admitindo ensinos simbólicos quando o contexto pede tal interpretação.
Como qualquer resumo, este também não pode dizer tudo sobre essas crenças, mas creio que são verdadeiros no pouco que descrevi destas três interpretações.
Desde que o Reino de Deus concerne tudo que tem a ver com Cristo, especialmente o Seu relacionamento com o Seu Povo como Senhor, Salvador, Sacerdote e Rei, por necessidade tal reino é assunto do passado, no presente e no futuro e é tanto espiritual como físico.
Os Três Tempos do Reino de Deus
O Reino de Deus É Passado – Mt 11.11-15 relata Jesus testemunhando sobre a pessoa e ministério de João o Batista. Jesus destaca que aquilo que todos os profetas e a lei vagamente profetizaram por símbolos, João claramente, sem rodeios, sem desculpas declara abertamente. Portanto, “não apareceu alguém maior do que João o Batista” (v. 11). João foi maior no sentido de clareza de expressão, mas ele não foi o primeiro a falar de Cristo. De Cristo, “todos os profetas e a lei profetizaram” (v. 13).
Se Cristo foi profetizado anteriormente pelos profetas (I Pe 1.10-12) e foi buscado pelos patriarcas, pelos juizes, e pelos sacerdotes fiéis do Velho Testamento (Hb 11.13, 32-40) o Reino de Deus seria uma realidade de alguma forma antes do Novo Testamento. Portanto o Reino de Deus é passado, ou melhor, antes do Novo Testamento.
O Reino de Deus É Presente – Mt 11.11-15. Jesus testemunhando sobre a diferença de João o Batista dos que precederam a João, ele explica que o Reino de Deus não estava sendo buscado somente com grande esforços por muitos, mas que muitos estavam apoderando-se dele naquele tempo. Esse maior desejo dos famintos que não desistiram até conseguirem obtê-lo era “desde os dias de João o Batista até agora” (v.12). Este período é conhecido como a era do Novo Testamento e Jesus ensina que neste mesmo tempo, o Reino de Deus existia.
Noutra ocasião Jesus confrontava com os fariseus pois negavam que Ele era de Deus. Porém, Jesus raciocinou com eles que não poderia ter nada além de Deus atuando nEle pois Satanás não expulsaria a si mesmo. Portanto, Jesus enfatiza que se Ele expulsava os demônios pelo Espírito Santo, o Reino de Deus é “chegado” a eles (Mt 12.22-30). Desde que Jesus operava com o Espírito Santo sem medida Jesus ensina-lhes que o Reino de Deus era naquele tempo uma realidade. O Reino de Deus é da era neotestamentária, como nós somos.
O Reino de Deus É Futuro – Mt 6.10, “Venha o teu reino...” Jesus, outra vez ensinando aos Seus discípulos, e desta vez sobre a oração, ensina-lhes a pedir que o Reino de Deus viesse. Sim, o Reino de Deus era presente, mas também é algo futuro. O futuro Reino de Deus será algo diferente do que é agora.
Frisando que o Reino de Deus é futuro são os ensinos de Lc 22.18, “Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus”; 23.42, “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”.
Resumindo podemos afirmar que o Reino de Deus existia, de alguma forma, antes da vida terrena de Cristo. Também podemos afirmar que ele existe agora e existirá numa maneira mais gloriosa ainda no futuro. Mais importante, podemos afirmar: se você não faz parte dele agora, não fará parte dele no futuro. Esteja em Cristo já.
O Reino de Deus é Espiritual
Não há nada errado crer como o amilenarista que o Reino de Deus é espiritual. Certamente é espiritual! Quando Jesus ensinou que somente o regenerado poderia ver ou entrar no Reino de Deus, ele ensinava que era espiritual (Jo 3.3-8). O erro do amilenarista é dizer que o Reino de Deus é somente espiritual.
Por ser espiritual, e por poder participar dele somente os que têm vida espiritual, é necessário nascer do Espírito. Você já nasceu do Espírito? Já reconheceu a sua pecaminosidade que te condena diante de Deus? Por favor, olhe a Jesus Cristo, o sacrifício idôneo que Deus deu para substituir o pecador! Arrependa-se e creia pela fé neste Salvador! Essa é a única maneira que verá e entrará no Seu reino.
O Reino de Deus é Físico
Jesus Cristo, na instituição da Ceia do Senhor, pouco depois de Judas ter saído para O entregar, Jesus ensinou que Ele não beberia este fruto da vide “até aquele dia em que o beba novo” com eles no Reino de Deus. Como Jesus literal e fisicamente bebeu com eles naquele dia, beberá literalmente com eles e todos os Seus este fruto da vide no reino do Seu Pai, ou seja, no Reino de Deus (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18).
Alguns querem espiritualizar esse caso e dizer que o Reino de Deus é somente espiritual. Se forem consistentes com tal atitude eliminarão a verdade de um céu literal e um inferno real. Na passagem de Mateus 25.31-46, uma passagem distintamente escatológica, as ovelhas serão postas à Sua direita e herdarão o reino, ou seja, a vida eterna. Os bodes serão postos à esquerda e apartados para a maldição, ou seja, para o fogo eterno. Se o reino é apenas espiritual, também é o inferno. Mas o nosso Salvador literalmente foi ao céu e, como Ele foi, voltará para levar os Seus a estar junto com Ele (Jo 14.1-3). Os que não estarão preparados serão lançados no lago de fogo com o Satanás real (Ap. 20.10-15).
Aplicação
Não busque mera informação sobre o Reino de Deus somente para poder saber apenas a existência dele. Busque o próprio Reino de Deus. Sim, busque primeiro o Reino de Deus e terá o mais importante de tudo. Já faz parte dele? Devemos orar por este Reino, servir este Reino e buscar este Reino! Se estamos em Cristo, fazemos parte deste reino agora! O que está fazendo para promover esse Reino? Deus dirá a você um dia: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”, Mt 25.34?
Cap 8 - Escatologia
A Natureza do Reino de Deus – Parte I
O Reino de Deus é Misterioso e Invisível
A Natureza dos Cidadãos do Reino de Deus
Submissos e Pobres em Espírito
Lição 08
Leitura: Lc 17.20-24
Versículo para Memorizar: Lc 17.21, “Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.”
Introdução: O que está aqui e não é percebido? O que está entre nós mas não é visto, tocado, saboreado, ou ouvido? Essa é parte da nossa lição de hoje. A resposta é: O Reino de Deus. Está presente, mas não em todos. É o princípio de santidade dada aos santos pela salvação por Jesus Cristo. È o homem interior que os fariseus não viram. Esse reino de Deus é percebido por você? Sl 45.13, “A filha do rei é toda ilustre lá dentro; o seu vestido é entretecido de ouro.”
O Reino de Deus é Misterioso – Mt 13.10-12. O Reino de Deus está aqui hoje como no tempo do Novo Testamento. Está entre nós (Lc 10.11; 17.21). Não é entendido pelas mentes entenebrecidas. Alguns percebem o Reino de Deus e para estes Cristo é precioso (I Pe 2.7; I Co 2.11-13). Muitos não conseguem perceber nada sobre Cristo e o Seu reino e para estes Ele é uma pedra de tropeço (I Pe 2.7-8; I Co 2.14).
Para perceber este reino é necessário nascer de novo, do Espírito (Jo 3.3-8). A Verdade não é conhecida por todos, mas por poucos (Mt 7.14, “E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”; Mt 20.16, “Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”). É do agrado do Pai ocultar aos sábios e entendidos do mundo certas verdades de Cristo e das Suas operações soberanas. Essas mesmas verdades misteriosas Deus revela aos Seus pequeninos, ou seja, aos que o mundo desprezam (Mt 11.25-27).
Quando o Reino de Deus é ensinado, você percebe-o? Tem a unção do Santo (I Jo 2.20) pela qual podemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus (I Co 2.12)? Ou para você nada deste assunto do Reino de Deus tem nexo? Está faltando a regeneração? Se for, olhe pela fé em Jesus Cristo a Quem Deus deu para ser o Salvador de todos que se arrependem!
O Reino de Deus é Invisível – Lc 17.20-24. Sempre existem aquelas pessoas que crêem que têm entendimento das coisas difíceis sobre os mistérios de Deus. Sempre têm os que crêem que são melhores que outros por viver aparentemente o que muitos julgam uma vida exemplar. A este tipo de pessoa, ou seja, aos hipócritas, Cristo ensina que o Reino de Deus “não vem com aparência exterior”. Ou seja, para estes o Reino de Deus é invisível.
Deus opera do interior para o exterior (Jo 3.6, “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”). Ele olha ao coração (I Sm 16.7). O “homem encoberto”, ou seja, a nova natureza exercitando-se em obediência, reverência, modéstia e justiça é mais precioso diante de Deus do que aparências extravagantes (I Pe 3.1-7). Você possui o que é precioso diante de Deus, ou somente aquilo que impressiona o homem?
Aos que estão com os olhos vedados pelo diabo, o Reino de Deus é invisível. O Reino de Deus pode estar na frente deles, como Cristo estava diante daqueles fariseus, e não o verão, mas perguntarão com toda a sua soberba: “Quando virá o Reino de Deus?” Não vêem que o reino já é chegado em alguma forma (Lc 17.21). Que terrível condição estar na presença da Salvação e não a ver!
Para o mundo o Reino de Deus é invisível. Aquilo que norteia o Cristão, é precioso para o remido, e alegra o seu coração; é algo incógnito, ou seja, desconhecido pelo mundo. Por isso o nosso andar é estranho para o mundo (Jo 15.19, “Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.”; Tt 2.14; I Pe 2.9). Como você é acolhido pelo mundo? Os que são o mundo são confortáveis com você no seu beber, comer, viver, falar, vestir, e adorar? Ou eles estranham suas maneiras por não ver o que você percebe?
O dia virá que o Reino de Deus será conhecido por todos (Hc 2.14; Hb 8.11 e Jr 31.34 e Jo 6.45). Todavia, esse dia ainda não veio. Portanto, seja paciente para a Sua vinda. Até aquele dia seja uma testemunha viva que tem força tanto para confundir aos que desejam te acusar como para informar aos que estão cansados de pecar (I Pe 2.11-16, 19-25; 4.12-19).
A Natureza dos Cidadãos do Reino de Deus
Submissos – Lc 20.25; Lc 22.24.
É claro que o mundo preocupa-se com a sua própria satisfação (I Jo 2.16). É fato bem conhecido que a inclinação da carne é inimizade contra Deus (Rm 8.6, 7). No mesmo grau de certeza, a marca que caracteriza melhor os cidadãos verdadeiros do Reino de Deus é a sua submissão ao Rei. Sem declarar verbalmente quem é seu Rei, é fato conhecido por todos pela observação a quem você sujeita-se. O apóstolo Paulo raciocina com os irmãos em Roma: “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?”, Rm 6.16. A submissão ao Rei dos reis é forte testemunho da sua cidadania no Reino de Deus como a sua submissão anterior ao “príncipe das potestades do ar” marcava sua cidadania mundana (Ef 2.2,3).
Existe aquilo que pertence a César e devemos dar a ele o que a ele pertence (Lc 20.25; Rm 13.1-7). Também existe aquilo que pertence a Deus e devemos dar a Ele o que a Ele pertence (Mc 12.30, amar a Ele com todo o teu coração, tua alma, teu entendimento, e tuas forças; Ap 4.11, “glória, e honra e poder”).
Os apóstolos tinham a carne na qual habitava o pecado, como todos os integrantes do Reino de Deus hoje têm (Gl 5.17), e tal natureza sempre se evidencia pela exaltação da carne. Isso provocava contenda entre eles (Mt 20.20-28; Lc 22.24-27). A faísca desta contenda deu início quando a mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João, procurou glória para seus filhos acima dos demais. A esta faísca foram adicionados os ciúmes dos outros dez. Logo o fogo ameaçava inflamar contenda tamanha que poderia consumir qualquer bom testemunho que os apóstolos teriam. Jesus usou a situação para mostrar como a submissão é a marca distintiva do Reino de Deus (Mt 20.25-28). Como sempre Ele é o melhor exemplo (v. 28).
Como é a sua reação à pregação que enfatiza seu dever a um testemunho modesto na sua vestimenta, santidade no seu linguajar, separação dos prazeres imorais da carne, investimento na obra do Senhor com as suas finanças, o seu tempo, a sua presença e as suas orações? Sentindo reprovado, procura ainda a graça de Deus para humilhar-se diante tal reprovação e aplicar essa instrução à sua vida? Ou tal pregação te irrita e sente que o pastor está mal humorado e não deve ficar invadindo o seu espaço? A sua atitude diante da instrução bíblica revela se você tem a principal marca dos cidadãos do Reino de Deus. Será que a sua submissão à verdade trará os perdidos ao conhecimento do Evangelho como a submissão de Cristo trouxe o Evangelho a nós? Por causa do propósito da salvação nos conformar à imagem de Cristo, sem dúvida nenhuma, como Cristo se deu a Si mesmo em resgate de muitos, os que estão no Seu reino devem O imitar.
Pobres em Espírito – Mt 5.3-9
Jesus afirma que o espírito do cidadão do Reino de Deus é pobre. Essa pobreza não vem da ausência de boas características pessoais, nem pela ausência de bens ou do Espírito Santo. A pobreza de espírito ao qual Jesus louva é o espírito que tem a ausência de satisfação de si mesmo. Alguns sinônimos seriam a humildade e a ausência de autoconfiança. O pobre de espírito é exemplificado pelo publicano em Lc 18.13 que diz: “O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”
Essas duas qualidades (submissão e pobre de espírito) complementam-se. Essas duas qualidades são expressas no choro pelas falhas e pecados que reconhece em seu coração; na atitude mansa que o controla em todas as situações; no desejo ardente de crescer na graça e conhecimento do seu Senhor e Salvador Jesus Cristo; nas ações misericordiosas para com o seu próximo; pelo arrependimento contínuo e a confissão dos seus pecados a Deus. Dessa maneira se mantém um coração limpo com prontidão de perdoar tanto aos outros como pede que os outros te perdoem (Mt 5.4-9) 0
Religião pode satisfazer o homem, mas o Reino de Deus exige do homem o que ele naturalmente não deseja, ou seja, a morte de si mesmo. Se você não passou por tal morte, é difícil de afirmar que você tem uma vida que sobreviveria muito tempo no Reino de Deus na sua forma celestial.
Submete-se já à Verdade! Arrependa-se já dos seus pecados! Creia já pela fé em Cristo Jesus o Salvador Único!